sexta-feira, 11 de julho de 2008

Mágica no Ar - Prólogo

CENA EXT. ESTRADA - COMEÇO DA NOITE

XENA está segurando a pata esquerda dianteira de ARGO II. Ela está usando uma pequena faca para tirar sujeira e pedras do casco do cavalo.

GABRIELLE está segurando as rédeas, acariciando o rosto de Argo e a acalmando enquanto Xena continua a trabalhar.

GABRIELLE
(para Argo)
Está tudo bem, garota.
Nós vamos deixar tudo em ordem.
(para Xena)
Qual é o veredicto?

XENA
A ferradura está desgastada. Nós precisamos
encontrar um ferreiro. Eu não consigo arrumar
isso sozinha. Ao menos não aqui fora.
Ela precisa de uma ferradura nova
ou seu casco irá partir.


Gabrielle olha em volta para a floresta atrás delas. É escura, densa, e as altas árvores parecem se assomar sobre elas, como se estivessem observando cada movimento que Xena e Gabrielle fazem. O céu está escuro, com pesadas nuvens se arrastando na distância e lampejos azuis de luz incidindo por trás das árvores.

GABRIELLE
(para si mesma)
Era uma noite escura
e tempestuosa...

XENA
O quê?

GABRIELLE
Nada. Só falando comigo mesma.
Então, onde você acha que nós
vamos encontrar um ferreiro?

XENA
Bem, se ficarmos na estrada principal,
podemos chegar em Sikyon em três dias.
Mas se fizermos isso, arriscamos que
Argo fique seriamente incapacitada.

GABRIELLE
Opções?

XENA
Se cortarmos pela floresta,
podemos estar em Phileious
na metade do tempo, mas...

GABRIELLE
(para Argo)
Sempre há um ‘mas’.

Argo relincha e balança a cabeça, concordando.

XENA
Mas temos que dar a volta na base
da cadeia de montanhas Kyllene.

GABRIELLE
Quer dizer, a supostamente 'amaldiçoada'
cadeia de montanhas Kyllene?

XENA
Essa mesma.


GABRIELLE
Ah, que ótimo.

Xena dá uma risada da falta de entusiasmo de Gabrielle e guarda sua faca antes de tomar as rédeas de Argo.

XENA
Desculpe, querida, mas nós
realmente não temos escolha.

GABRIELLE
Eu sei.

Gabrielle toma a mão de Xena enquanto elas começam a caminhar saindo da estrada, na direção da floresta.

GABRIELLE
(continua)
Então, o que vamos ter para o jantar?

XENA
Qualquer coisa que pudermos amedrontar.

GABRIELLE
Oh, ha, ha.

CORTA PARA:

CENA EXT. ACAMPAMENTO - NOITE

Há uma adorável fogueira acesa. Xena está consertando uma das tachinhas e Gabrielle está rabiscando algo em um pergaminho. As sobras de um coelho assado ainda estão no espeto. Os colchonetes estão colocados abaixo de uma lona para aparar a chuva que está ameaçando cair. Gabrielle não está escrevendo; está desenhando. Depois de colocar um toque final no seu trabalho artístico ela ergue o olhar para Xena.

GABRIELLE
Certo, tente este agora.

Xena apenas suspira e seus ombros caem levemente, depois ela sorri e se endireita. Ela respira fundo cuidadosamente, quase como se estivesse estudando Gabrielle, que está diligentemente escondendo o desenho. Xena fecha os olhos e se concentra. Sua cabeça se inclina apenas levemente enquanto suas sobrancelhas lentamente se erguem.

XENA
Um coelho.

Gabrielle apenas suspira enquanto vira o pergaminho e mostra para Xena o desenho do arco e flecha que ela acabou de completar.

GABRIELLE
Isto se parece com um coelho?

XENA
Obviamente não. Desculpe, Gabrielle.
Leitura mental não é necessariamente
uma das minhas muitas habilidades.

GABRIELLE
Então como você explica que nós
parecemos saber o que a outra está
pensando ou fazendo? O que está me
deixando realmente louca é que às vezes
isso funciona e às vezes não. Eu gostaria
de uma pequena consistência aqui. É por
isso que estou testando essa teoria.


Xena coloca dentro da mochila a tachinha em que estava trabalhando, depois se levanta e se espreguiça.

XENA
É consistente no fato de que
às vezes isso funciona, e
às vezes não funciona.

GABRIELLE
Eu sabia que você
ia dizer isso.

XENA
(dando risada)
Viu?

Gabrielle gira os olhos e coloca o pergaminho de lado enquanto se prepara para ir para a cama. Xena está cuidadosamente se certificando de que a lona está segura nos três lados para protegê-las de qualquer tempestade que possa soprar. Gabrielle se junta a ela e começa a desamarrar suas botas.

GABRIELLE
A lenda diz que as montanhas estão
amaldiçoadas, mas a floresta também é
bastante assustadora. Você percebeu
que não há barulhos de animais?

XENA
Sim, percebi. Eu na verdade peguei nosso
jantar na fronteira da floresta. Eu não
vi nenhum sinal de qualquer caça
afinal na cobertura das árvores.
Nem excrementos, nem nada.

GABRIELLE
Eu acho que é apenas a densidade das
árvores que impede a luz e o vento de viajar
aqui dentro que a torna tão assustadora.

Xena se deita de costas no colchonete.

XENA
Não, não é.


Gabrielle se vira e rasteja para cima, ao lado dela, deitando sua cabeça no ombro de Xena.

GABRIELLE
Esclareça-me.

XENA
São os fantasmas e monstros.

GABRIELLE
Oh, que engraçada você.

XENA
Obrigada, eu tento.

GABRIELLE
Você terá que dormir com
um olho aberto esta noite.

XENA
E eu não durmo assim sempre?

Gabrielle se aconchega mais perto e Xena puxa uma pesada coberta sobre elas. Levantando a cabeça para olhar para o fogo, ela fica satisfeita de que ele irá queimar por toda a noite. Ela deita de costas e abraça Gabrielle mais juntinho.

XENA
(continua)
Boa noite, Gabrielle.
Não deixe as bacantes morderem.

DESVANECE PARA:

CENA EXT. ACAMPAMENTO - MANHÃ

Xena se espreguiça e a primeiríssima coisa que ela percebe é que Gabrielle sumiu. Ela se levanta imediatamente, também percebendo que todos os pertences de sua parceira sumiram também. Ela fica imediatamente de pé.

XENA
GABRIELLE!

Movendo-se pelo acampamento delas, Xena também descobre que Argo se foi, mas suas tachinhas ainda estão empilhadas perto do abrigo onde as duas dormiram.

XENA
(continua)
GABRIELLE!


Quando o silêncio mais uma vez encontra seu grito, ela rapidamente começa a reunir sua bagagem. Então ela começa a procurar por quaisquer sinais de sua parceira ou seu cavalo.

FADE OUT.

FIM DO PRÓLOGO

Nenhum comentário: