terça-feira, 15 de julho de 2008

Pequenos Desafios da Vida - Quarto Ato

CENA INT. PORÃO DA ESTALAGEM DA CIDADE - NOITE

Xena tem as crianças em um círculo em torno dela. No chão há pequenos potes, com fios amarrados a eles. Também no chão há uma pilha de pedras, e alguns gravetos.

XENA
Certo. Eis o que nós
vamos fazer....


PATTA
Que são estas coisas?

Patta ergue um cântaro e o cheira.

PATTA
(continua)
EEECAAA!!

Xena pega o pote e o coloca de volta no chão.

XENA
Agora, em cada porta,
vocês colocam um destes.

PATTA
Como assim?

ZIGGY
Você vai calar a boca?
Você é tão GAROTA!

Xena olha para Ziggy e ergue as sobrancelhas. Ela coloca vários potes sobre ele e lhe dá um pedaço de madeira com uma ponta queimando sem chamas.

XENA
Pegue isto. Coloque o pote no
chão, depois acenda o fio.

ZIGGY
Assim?

Xena não consegue detê-lo a tempo. O fio pega fogo e queima até embaixo, e o óleo no pote começa a esfumaçar. O fedor é incrível.

PATTA
EEECAAA!!!!!
AAARGGHHH!!!

As crianças fogem do pote, deixando Xena apagando a fumaça com um de seus sacos de cânhamo.

XENA
Voltem aqui. Nós temos
que deixar isso pronto!


PATTA
(cobrindo o nariz e a boca)
Como assim? Aqueles caras simplesmente
irão nos machucar! Você é louca!

Xena olha para o teto, e parece estar conversando consigo mesma. Depois de um momento, ela olha para as crianças.

XENA
(séria)
Ouçam-me. Suas famílias podem estar lá fora,
podem estar escondidas, como vocês. Eles
estão contando com vocês para ajudá-los.
Vocês querem deixá-los na mão?

Lentamente, as crianças se movem lentamente de volta na direção dela.

PATTA
Mas nós somos apenas crianças.
Isso é tão estúpido.

XENA
Não é estúpido.

ZIGGY
Você é estúpida, Patta.

Xena esfrega a cabeça com uma mão. Ela começa a se levantar, mas se move pelo lado errado e meio que se senta e meio que cai para trás. A frustração de ambas as crianças e sua contusão são quase demais para ela. Xena agarra um dos potes e olha fixamente para ele.

Ziggy agarra Patta e outra garota e as puxa para frente. Elas se sentam perto de Xena.

ZIGGY
(continua)
Isso dói bastante, né?

Xena lentamente coloca o cântaro no chão.

XENA
É.
(olhando para cima)
Vocês vão ajudar ou não?

PATTA
Eu não entendo. Por que
nós precisamos fazer isso?

XENA
Lembram da minha amiga?

O resto das crianças se aproxima.

PATTA
Aquela que fugiu?

XENA
Ela não fugiu. Ela foi buscar ajuda.
Ela foi buscar todos os seus pais, para
que eles pudessem voltar à cidade e
surrar todos os caras malcriados.


ZIGGY
É? Legal!

XENA
É. Exceto por quando eles chegarem aqui, se eles
não puderem entrar, eles não poderão nos ajudar.

PATTA
Oh.
(olhando para os potes)
Então... o que estes fazem,
além de feder?

Xena ergue um graveto e desenha um círculo no chão sujo.

XENA
Eis a cidade de vocês. Por toda a volta dela, vocês
têm várias árvores, com várias folhagens densas.

PATTA
Sim. E daí?

XENA
Encha a cidade com coisa fedida,
para onde isso irá?

As crianças todas olham uma para as outras.

PATTA
Para lugar nenhum. Simplesmente
vai ficar aqui e feder!

Xena pega seu pedaço de madeira e desenha uma linha atravessando o círculo.

XENA
Ao menos que?

Xena espera. As crianças todas olham para ela, sem compreender. Então Ziggy coloca seu dedo na linha que Xena acabou de desenhar.

ZIGGY
Ao menos que eles abram os portões? Como quando
o vento soprar de debaixo do celeiro e eles tiverem
que fazer isso para não ficar cheirando a....

XENA
É. Você entendeu.

Patta pega um pote.

PATTA
Ooohhh. 'Tá. Você realmente acha que a
sua amiga voltará? Tenho certeza que não.

Finalmente, Xena sorri, apenas um pouco.

XENA
Ela voltará.


Patta balança a cabeça enquanto pega outro pote.

PATTA
Ela deve ser louca.

Xena observa as crianças deixarem o porão pela portas do alçapão. Este se fecha e ela olha para os restos de um arruinado pote fedido.

XENA
Louca como uma raposa.
(pausa)
Eu espero.

CORTA PARA:

CENA EXT. PORTÕES DA CIDADE - DO LADO DE FORA - NOITE - ALGUM TEMPO DEPOIS

O comboio de carroças é puxado descendo pela estrada, fora da vista dos portões da cidade. A extensão da estrada e o espaço aberto entre os muros e onde eles estão parece vasto, e está bem iluminado pelo luar.

Guardas estão parados atrás do muro, só estão visíveis os seus arcos armados. Toras foram empurradas para reforçar os portões.

Gabrielle está parada atrás de uma árvore com Balar, revendo a cena.

BALAR
Empurrar os portões é demência.
Nós todos seremos mortos.

Gabrielle olha fixo para os portões.

GABRIELLE
Você tem razão.


BALAR
Nós deveríamos ter ido buscar o príncipe. Suas
forças irão esmagar esses bandoleiros!

GABRIELLE
Mas as pessoas lá dentro estarão
mortas quando vocês voltarem.
Você está disposto a arriscar?

BALAR
Se nós morrermos tentando salvá-las, é esse
o risco que elas gostariam que fizéssemos?

Por um longo momento, Gabrielle fica em silêncio.

GABRIELLE
Não sei.
(olhando para Balar)
Mas é um risco que irei correr. Você irá?


CORTA PARA:

CENA EXT. ESTALAGEM DA CIDADE - EXTERIOR - NOITE

Altas vozes se amontoam fora do portão da estalagem. Ela tinha sido tomada como quartel-general dos atacantes, e há muitos homens do lado de dentro.

Uma pequena figura corre até lá e se abaixa perto da porta. A porta se abre, e um homem deixa a estalagem, arrotando alto. Ele caminha direto passando pelo garoto escondido nas sombras e se dirige até os portões. A porta se fecha.

Ziggy coloca o pote no chão, e tenta acendê-lo, mas suas mãos estão tremendo tanto que a corda não pega.

ZIGGY
(sussurrando)
Vvvvvamos lá.

Finalmente, ela pega. Ziggy puxa outro pote de seu bolso, e olha em volta, depois vai embora correndo.

CORTA PARA:

CENA EXT - ESTÁBULOS DA CIDADE - NOITE - AO MESMO TEMPO

Patta e sua amiga correm até a porta do estábulo e colocam seus potes no chão. Elas olham em volta, mas a área está relativamente deserta.

Elas sussurram juntas, virando as costas para o caminho enquanto se concentram em acender a corda.

PATTA
Eu ainda acho que isso é estúpido, Bean.

BEAN
Shh. Vamos nos apressar e sair
daqui antes que eu vomite!

Atrás delas, sem ser visto, um homem aparece. Ele localiza as duas garotas.

HOMEM
EI!

PATTA
Oh!

As duas garotas se viram e avistam o homem. Elas se levantam enquanto ele começa a se dirigir a elas, se viram e se põem a correr.

BEAN
Rápido!

HOMEM
Parem! Parem! Ei!
Suas pentelhas! Parem!

CORTA PARA:

CENA EXT. ESTRADA DA CIDADE - NOITE - AO MESMO TEMPO

Gabrielle está parada diante de dois grupos de homens. Um grupo segura ferramentas de fazenda, o outro segura sacos acima das costas.

GABRIELLE
Balar, leve seus homens e vão até a nascente.
Brac, você seu grupo corram até o muro quando
eu lhes der o sinal, e comecem a cavar.

BALAR
Mas eles irão nos ver! Isso é loucura, nós não podemos
derrotar esses homens. Nós seremos todos mortos.

GABRIELLE
Não, não serão. Eles estarão ocupados.
(pausa)
Eu prometo.


O líder do outro grupo coça a cabeça.

BRAC
Não entendo.

Gabrielle pega um longo bastão de uma carroça próxima. Ela avalia o peso dele.

GABRIELLE
Eu vou distraí-los. Com alguma sorte, eles
estarão ocupados vindo atrás de mim,
e isso deixará vocês livres para ir.

BALAR
Mas.... Eles irão matar você.

GABRIELLE
(séria)
Pode ser. Mas é a minha vida, e é a única
a qual estou mais disposta a arriscar.

Gabrielle se afasta dos homens, se afasta das árvores, e emerge à luz da lua.

BALAR
Gabrielle!

Gabrielle se vira.

BALAR
(continua)
Por que você está fazendo isso?
O que há lá dentro para você?

GABRIELLE
Tudo.


Gabrielle continua a caminhar na direção dos muros.

BALAR
Ela é louca.

BRAC
É. E nós também.

CORTA PARA:

CENA EXT. LOJAS DA CIDADE - NOITE - LOGO DEPOIS DISSO

Ziggy coloca seu último pote no chão. Ele olha para cima quando ouve Patta e Bean gritarem.

As duas garotas estão correndo na direção dele, sendo caçadas por uma dúzia de homens.

Ziggy entra em pânico e começa a correr também.

HOMENS
Parem! Seus pequenos filhos da mãe!
Nós iremos tostar o couro de suas peles!

Ziggy colide com outro garoto que estava colocando seus potes. O plano agora está uma baderna, e instintivamente eles todos fogem para o único lugar seguro que eles conhecem.

CORTA PARA:

CENA INT. ESTALAGEM DA CIDADE - PORÃO - NOITE

Xena está sentada sozinha no porão. Agora que as crianças se foram, ela não tem necessidade de disfarçar e ela se inclina contra a parede do porão, com o rosto pálido, os olhos fechados. Uma mão descansa em sua perna ferida; a outra está agarrada em volta de um pedaço de trave de roda de carroça quebrada.

O único som no aposento são golpes surdos e vozes indistintas, e um suave estalar de madeira se quebrando nas adjacências do punho de Xena.

Lentamente, Xena levanta a cabeça, e arremessa a madeira longe dela. Ela se despedaça. Xena olha em volta do porão, depois ergue sua espada, e a pousa sobre o colo. Sua mão se curva no cabo, incessantemente.


CORTA PARA:

CENA EXT. PORTÕES DA CIDADE - NOITE

Gabrielle caminha pela estrada na direção dos portões. Os homens a vêem, mas a princípio não reagem.

GABRIELLE
Ei!

Os guardas olham uns para os outros.

GABRIELLE
(continua)
Ei! Seu bando de perdedores!

GUARDA
Saia daqui, mulher!

GABRIELLE
Sem chance, sua escória de leitão sugador!


Agora Gabrielle tem a atenção dos guardas.

GUARDA
Suma, ou iremos atirar em você!

Gabrielle faz uma careta para eles, depois gesticula rudemente.

GABRIELLE
Vocês não conseguiriam acertar nem
o lado mais largo do Paládio*!
*estátua de Palas Atena (NT).

Os guardas todos erguem seus arcos, e um homem atira em Gabrielle. Ela pula para fora do caminho. Outro homem atira. Gabrielle salta sobre a flecha. Um terceiro atira.

Gabrielle pega a flecha, dar um rápido segundo olhar para ela, depois a joga fora.

GABRIELLE
(continua)
Perdedores! Isso é o melhor
que vocês podem fazer!!!!!

Os guardas todos estão focados em Gabrielle. Gabrielle ergue a mão e a balança. Os cidadãos que esperavam o sinal começam a rastejar adiante.

CORTA PARA:

CENA EXT. ESTALAGEM DA CIDADE - PORTAS DO PORÃO - NOITE - AO MESMO TEMPO

As crianças irrompem no porão e abrem o alçapão, correndo para dentro a poucos passos à frente dos atacantes. Ziggy se vira e bate a porta, fechando-a.

CORTA PARA:

CENA INT. PORÃO DA ESTALAGEM DA CIDADE - NOITE - MOMENTOS DEPOIS

Ziggy freneticamente puxa o trinco no lugar depois perde o equilíbrio, caindo pelos degraus e girando até parar na frente de Xena.

Todas as crianças estão falando de uma só vez.

PATTA
Eles nos perseguiram!

BEAN
Eles vão nos matar!

ZIGGY
Eles estão bem aí fora!

Todo o resto das crianças está chorando e gritando. Xena se senta no meio delas, o olho calmo na tempestade.

As duas portas do alçapão que dá no porão repentinamente se curvam para dentro, e há um estrondo quando os homens golpeiam contra elas. Pedaços de madeira imediatamente começam a cair, se espalhando pelo chão.

BEAN
Ah! Ah! Nós vamos ser mortos!

XENA
Não, não vão.

Xena se estica sobre sua cabeça, agarra as barras de ferro novamente, e se puxa para cima, deixando sua perna boa abaixo dela e erguendo a espada. As crianças todas olham para ela e caem em silêncio.

XENA
(continua)
(silenciosamente)
Fiquem atrás de mim, bem ali.

Xena aponta com a espada.

PATTA
O que você vai fazer?

Uma das portas se estilhaça e quebra, metade dela caindo dentro do porão.

XENA
Eu vou fazer o que eu faço melhor.




A porta quebra o resto necessário para abri-la, e os homens descem os degraus. Eles localizam Xena e param, puxando suas armas.

HOMEM
Vejam só, rapazes....
Descobrimos algo de útil.

Xena sorri com absolutamente nenhum humor.

XENA
Com certeza.

Ela sacode a espada na mão.

XENA
(continua)
Vamos. Quem é o primeiro?


Com um grito, os homens atacam.

CORTA PARA:

CENA EXT. PORTÕES DA CIDADE - NOITE

Gabrielle pega uma pedra, e a atira com uma mira infalível, atingindo um dos guardas. Sua voz está rouca de tanto gritar, e ela está ficando sem energia de tanto se esquivar de flechas.

GABRIELLE
Vamos, sua escória sugadora!
Venham me pegar!

GUARDA
Você acha que somos burros? Acha que
vamos abrir estes portões? Hahahahaha!

O rosto de Gabrielle fica bastante imóvel. Então ela repentinamente se lança aos portões, aparentemente com intenção de tomá-los de um único assalto.

Os guardas começam a atirar, correndo para o centro do muro e gritando.

CORTA PARA:

CENA INT. PORÃO DA ESTALAGEM DA CIDADE - NOITE - AO MESMO TEMPO

Xena está lutando como um lobo acossado. Ela está refreando dois homens com sua espada, mas um terceiro a golpeia de lado, e ela se pendura na barra de ferro, precariamente.

XENA
Maldito!


Xena de alguma forma mantém seu peso em um braço e chuta o homem com sua perna machucada, enquanto desvia de um corte que vem do homem à sua frente.

Dois homens já jazem imóveis no chão. Não há lugar suficiente no aposento para todos eles a atacarem de uma vez, e essa é a única razão de Xena ainda estar resistindo.

Uma meia dúzia mais de homens desce correndo pelas escadas. Eles trazem um dos bate-estacas nos braços.

Xena os avista.

CHEFE DOS ATACANTES
Vamos, rapazes. Nós simplesmente iremos
bater com isto direto em cima dela...

Xena se endurece, soltando a haste de ferro e se atirando para o lado quando a tora vem na direção dela.

Um imenso rugido repentinamente surge por detrás de todos eles.

No meio de um movimento, Xena é repentinamente erguida por uma parede de água e levada adiante, esmagada contra as crianças que a agarram como a uma jangada coberta de couros.

XENA
Uuôôôôaaa! O que e....

CRIANÇAS
Aieeeee!

A água as varre em um círculo de um redemoinho e, sem aviso, elas são arremessadas sobre os atacantes e impelidas para cima dos degraus e para fora do porão além deles.

CORTA PARA:

CENA EXT. PORTÕES DA CIDADE - NOITE - AO MESMO TEMPO

Gabrielle abalroa com toda a força os portões, gritando ao topo de seus pulmões. Os homens na guarda se viram dela e descem do portão.

GABRIELLE
Iá! É! Covardes, medrosos!
Corram! Isso mesmo!
(em voz baixa)
Eu só espero que eles estejam
correndo pela razão certa.


Gabrielle corre direto aos portões e, assim que ela os alcança e parece estar destinada a estatelar-se em pessoa neles, eles se abrem e um muro de água irrompe para fora, erguendo Gabrielle do chão e a jogando de um lado pro outro.

GABRIELLE
(continua)
Uuôôôaa!

Gabrielle lança os braços para fora para evitar de afundar, e suas mãos atingem algo familiar.

Ela o agarra, puxando o corpo de Xena para cima, fora do turbilhão da água, enquanto os atacantes passam por elas de todos os lados, carregados pela água.

Xena se segura em um pedaço de tronco pelo qual passa e elas se puxam para fora da água para ficar ao lado da estada enquanto os atacantes continuam a passar, com a água levando-os para a escuridão longe da cidade.

FADE OUT.

FIM DO QUARTO ATO

CONCLUSÃO

FADE IN:

CENA INT. ESTALAGEM DA CIDADE - QUARTO PRIVATIVO NOS FUNDOS - MANHÃ

É meio-dia. O quarto está agradavelmente iluminado pela luz do sol, e as janelas estão abertas para deixar entrar a brisa fria.

Xena está deitada na cama, vestida em seus trajes, com sua perna na bandagem escorada em cima de vários travesseiros fofos.


Do seu lado está uma mesa carregada de guloseimas sortidas, incluindo frutas e tortas doces. Xena escolhe uma uva e a consome.

A porta se abre e Gabrielle entra. Ela está carregando um jarro de alguma coisa, o qual ela traz para cima da cama. Ela se senta e despeja algo do jarro em um copo, e o oferece para Xena.

GABRIELLE
Isto deve aliviar.

Xena cheira o copo, depois dá um gole.

XENA
Bom.

Ela olha para Gabrielle.

XENA(continua)
Obrigada. Eu só vou deixar esta
coisa descansar um pouco e....


Gabrielle se inclina e cobre a boca de Xena.

GABRIELLE
Eu tive que suportar quantas várias luas de
Xena, a Irrequieta Guerreira? Não vamos
a lugar algum até que isso se cure.


A porta irrompe aberta, e o quarto está repentinamente cheio de crianças. Ziggy, Patta, e Bean vêm à frente, o resto fica atrás dando risadinhas.

GABRIELLE
(continua)
Oi vocês.

Xena observa uma borboleta convenientemente visível apenas para ela do lado de fora da janela.

ZIGGY
Nós lhe trouxemos algo!


Gabrielle espera Xena prestar atenção. Como ela não o faz, Gabrielle a cutuca no braço.

GABRIELLE
Xena.

Xena olha para as crianças. Ziggy se empurra adiante e oferece uma cesta para Xena.

ZIGGY
Isto é dos meus parentes.
Eles acham que você é legal.

Xena aceita a cesta, com um visível embaraço.

XENA
Obrigada.

ZIGGY
Eu acho você legal também.



Ziggy lança seus braços em torno de Xena e lhe dá um abraço, enquanto Gabrielle observa em deleite.

ZIGGY
(continua)
(sussurrando)
Desculpa por termos atrapalhado o seu plano.

Xena lhe dá um tapinha nas costas.

XENA
Tudo bem. Vocês fizeram o melhor que podiam.

Ziggy caminha para trás e Patta vem à frente. Ela empurra um pacote enrolado para Xena. Xena cautelosamente o pega.

PATTA
Eu achava que você era uma
velha malcriada, Weener.

Gabrielle silenciosamente perde a concentração tentando não rir.


XENA
Obrigada.

PATTA
Mas você disse que aqueles caras não nos
machucariam e você estava certa.
Isso foi bem legal.


Patta se vira e se afasta. Bean se aproxima silenciosamente da cama.

BEAN
(sussurrando)
Ela só está ciumenta porque os garotos
todos acham que você é mais bonita que ela.

Gabrielle cobre os ouvidos. Seu corpo está sacudindo em gargalhadas.

XENA
(resmungando)
Obrigada.

Bean inclina a cabeça e escapa para trás do grupo de criança dando risadinhas.

CRIANÇAS
Tchau!

As crianças partem, batendo a porta atrás delas. Por um momento, há um completo silêncio. Então Xena pigarreia.

XENA
Pode rir em voz alta, loirinha.


Gabrielle se estica e acaricia o cabelo de Xena, desmanchando-o divertidamente enquanto ela finalmente deixa as risadas saírem.

GABRIELLE
Eles são tão doces. Você realmente
foi uma heroína para eles, Xena.

XENA
Hunf. É, mas eu estou imensamente feliz que o
seu plano tenha funcionado melhor que o meu.

Ela pára, depois olha para Gabrielle.

XENA (continua)
Obrigada.

Gabrielle se aquieta. Ela olha para baixo, para suas mãos, virando-as e examinando as palmas.

GABRIELLE
É, bem. Eu apenas estou feliz
de ninguém ter se machucado.

Xena observa o rosto de Gabrielle. Ela coloca sua mão em uma das mãos de Gabrielle e a aperta.

XENA
Algumas pessoas se machucam,
na guerra. Você sabe disso.

Gabrielle assente.

GABRIELLE
Eu sei. Mas aqueles homens não
eram guerreiros e eu sabia disso,
mas os fiz lutar assim mesmo.

Ela olha para fora da janela.

GABRIELLE(continua)
Eu acho que tenho que reconciliar no meu
coração o fato de que eu estava disposta a
arriscar a vida deles a fim de salvar a sua.


XENA
(franzindo a testa)
Gabrielle, eles estavam lutando
por seus lares, e suas famílias.

O rosto de Gabrielle se tensiona em um doloroso sorriso.

GABRIELLE
É... mas eu não estava.

XENA
Lutando pelos lares e famílias deles?

GABRIELLE
Hum-rum.

Xena dá um apertão na mão de Gabrielle, depois oferece a ela um biscoito da cesta.

XENA
Não, mas você estava lutando pela sua.


Gabrielle pensa sério sobre as palavras de Xena, e então assente levemente, tomando o biscoito de Xena e mordendo-o. Ela oferece a outra metade para Xena.


Xena coloca o braço em volta de Gabrielle. Gabrielle se estica do lado de Xena na cama, e deixa sua cabeça descansar contra o ombro de Xena.

FADE OUT.

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